No passado dia 3 de novembro foi monteada a Mancha da Ficalheira, localizada na zona sul da Contenda, e cobrindo uma área de 1200 hectares. Esta mancha abrange as bacias das ribeiras da Safareja e Pais Joanes e inclui a zona mais elevada da Contenda (Pico das Escovas, com 584 metros). A vegetação arbórea é dominante e inclui pinhais (pinheiro manso e pinheiro bravo), montado de sobro, sobreirais, medronhais e matagais densos que permitem refúgio aos animais. As condições da mancha são muito exigentes para os matilheiros e para os seus cães face aos desníveis e dificuldade de progressão.
A montaria decorreu sob boas condições climatéricas, com algum vento do quadrante sul, mas sem interferir na caçada. A receção aos monteiros deu-se a partir das 7h:00m e, após o pequeno-almoço, às 7h:45m já decorria a comunicação aos caçadores, realizada pelo Conselho de Administração da Herdade da Contenda (Presidente, Álvaro Azedo e Administrador Executivo, Pedro Rocha) e pelo Diretor de Montaria (Dr. Luís Filipe Sobral). Foram ainda prestadas informações aos caçadores pelo Engº José Duarte Paulino, responsável técnico pela organização no terreno. Estiveram também presentes o Presidente da UF de Safara e Santo Aleixo da Restauração (Francisco Candeias) e o Secretário da Assembleia Geral da Herdade da Contenda (Dr. Valdemiro Correia).
Foram sorteados 61 postos, organizados em 12 armadas. A colocação dos caçadores nos postos foi efetuada com recurso a carrinhas de tração providenciadas pela organização. Nesta logística foi fundamental o apoio do Município de Moura e da UF de Safara e Santo Aleixo que providenciaram várias viaturas e motoristas. A montaria teve uma duração aproximada de 4 horas, terminando por volta 13h30m
No seu conjunto, a montaria resultou em cerca de 133 reses, com grande destaque para o lote de 51 machos de muflão, o melhor de sempre da Contenda, alguns com trofeus candidatos a medalha. O número de veados (27) e de javalis (19) também superou o melhor resultado verificado até agora para a Mancha da Ficalheira. Como é habitual, na Zona de Caça Nacional do Perímetro Florestal da Contenda, para esta montaria colocaram-se restrições no cupo (máximo de 3 machos por caçador, 2 muflões e um veado, ou 2 veados e um muflão; proibição de abate de mufloas e máximo de 2 cervas).
A montaria é o culminar de um longo período de preparação da mancha. Neste contexto, a Mancha da Ficalheira é particularmente exigente, pelas características orográficas, de vegetação e acessos. A montaria é uma das modalidades de caça de maior tradição no nosso país, é um ato essencial no controlo populacional das populações de caça maior contribuindo para a renovação dos ecossistemas. É também de grande importância para a conservação da natureza, uma vez que contribui decisivamente para a manutenção das populações de abutre-preto que nidificam na Contenda. Todos os despojos da montaria são transportados para o campo de alimentação licenciado (CAAN) da Contenda, permitindo um recurso trófico muito relevante para as várias espécies de aves que o visitam (abutre-preto, grifos, milhafres, corvos, águias, etc.). Salienta-se ainda que os animais cobrados foram alvo de verificação veterinária, tarefa fundamental para a avaliação do estado sanitário das populações de caça maior.
A Herdade da Contenda agradece a todos os monteiros participantes, pela sua conduta no ato coletivo que é a montaria. Agradecemos muito em particular ao Dr. Luís Filipe Sobral (Clube Português de Monteiros), Diretor desta montaria, aos funcionários da Herdade da Contenda, da Câmara Municipal de Moura, da União de Freguesias de Safara e Santo Aleixo da Restauração. São devidos também agradecimentos a outros profissionais, diretamente ou indiretamente relacionados com a jornada cinegética: matilheiros, postores, ajudantes de campo, condutores de mulas, taxidermistas, veterinário responsável, veterinários de apoio e Restaurante “O Celeiro” (que forneceu as refeições).