Uma vez mais se repetiu a tradicional montaria da Contenda. Desta vez a mancha escolhida foi a da Fronteira/Pássaro (realizada pela última vez em plena Pandemia, a 14 de novembro de 2020). Esta mancha, de cerca de 1000 hectares de “puro” Alentejo, inclui vastas extensões de montado de azinho (a norte) e zonas de matos/matagais e margens da ribeira do Murtigão e do Barranco do Pessegueiro.
Apesar do ano ingrato de seca, a Contenda manteve a sua atratividade para os ungulados. Obviamente esta presença foi também favorecida pelo afinco da equipa do sector cinegético da Herdade da Contenda, pelo trabalho de vigilância e alimentação.
As condições climatéricas foram excepcionais, e mesmo a tradicional neblina matinal deu tréguas. Vento fraco de feição e temperaturas agradáveis proporcionaram uma jornada excecional. As várias fases do processo de caça correram como previsto, sem atrasos, tendo os caçadores chegado ao Monte do 25 pelas 7h00m para o pequeno-almoço. Pelas 8h00 foram dadas as boas-vindas por parte do Administrador Executivo da Herdade da Contenda (Pedro Rocha), a que se segui a comunicação aos caçadores pelo Diretor da Montaria (João Cordovil) e pelo Coordenador operacional (José Duarte Paulino). Após o sorteio, seguiu-se a colocação dos monteiros nos postos, processo que decorreu em tempo recorde, apesar das 61 portas.
Durante a montaria estiveram presentes em várias fases o Presidente da Câmara Municipal de Moura, Álvaro Azedo e o Presidente da União de Freguesias de Safara e Santo Aleixo, Francisco Candeias.
A montaria durou cerca de 4 horas (entre as 9h00, hora da colocação das primeiras armadas, e as 13h00) e resultou em cerca de 180 reses (das quais 80 veados, 47 javalis e 11 muflões). Uma vez mais superaram-se os melhores resultados já obtidos em montarias da Contenda, nomeadamente no número de veados e de javalis por posto. O cupo era constituído por 3 machos (2 veados e 1 muflão ou 2 mufloes e 1 veado), 1 fêmea e javalis sem limite. Apesar da escassez de chuva que caracterizou o inverno e primavera de 2023, a qualidade dos troféus superou as expectativas, tanto em veados como em muflões. Antes do anoitecer já todas as reses se encontravam recolhidas no Monte do 25, onde se deu a medição e seleção dos troféus, e a preparação dos animais para transporte em camião frigorífico.
A montaria é um ato essencial no controlo populacional de veado, javali e muflão, permitindo a renovação dos ecossistemas e do estado sanitário dessas populações. É também de grande importância para a conservação da natureza, uma vez que contribui decisivamente para a manutenção das populações de abutre-preto que nidificam na Contenda. Todos os despojos da montaria são transportados para o campo de alimentação licenciado (CAAN) da Contenda, permitindo um recurso trófico muito relevante para as várias espécies de aves que o visitam (abutre-preto, grifos, milhafres, corvos águias, etc.).
A Herdade da Contenda agradece a todos os intervenientes (muitos), sem os quais não seria possível o sucesso da montaria:
Aos funcionários da Herdade da Contenda, da Câmara Municipal de Moura e da União de Freguesias de Safara e Santo Aleixo, Aos matilheiros, Aos condutores de mulas (sem mulas não se conseguem retirar reses de zonas difíceis), Aos (muitos) ajudantes de campo (postores, recolha e transporte de reses, etc), Ao Dr. Luis Filipe Sobral, que garantiu o exame veterinário dos animais abatidos (e que comprovou um bom estado sanitário das populações de caça maior na Contenda), ao Dr. David Delgado (LPN), que coordenou o transporte dos sub-produtos para o alimentador, Aos taxidermistas, Ao Restaurante “O Arcada” que serviu as refeições, e, como os últimos são os primeiros, aos monteiros e monteiras que tão entusiasticamente viveram este dia na Contenda.
